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sábado, 23 de novembro de 2013

PM: SECRETÁRIO BELTRAME DISSE QUE TROTE FOI HOMICÍDIO.

Profeta Gentileza

Prezados leitores, embora o foco seja a morte de um aluno do Curso de Formação de Soldados ocorrida no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar, devo lembrar que a prática dos denominados "trotes", não é uma deformação do militarismo. No mundo civil os trotes também ocorrem, sobretudo no meio universitário, inclusive também causando ferimentos graves e mortes, como a imprensa noticiou algumas vezes (Leia um caso de morte em faculdade). 
O trote tem uma abrangência muito grande. Pode não passar de uma brincadeira, uma gozação, algo para descontrair no rigoroso ambiente militar. Na maioria das vezes se desenvolve na forma de exercícios físicos plenamente suportáveis, mas em alguns momentos acaba se transformando em uma verdadeira tortura física e mental.
Os defensores do trote consideram tais "brincadeiras" algo necessário para integrar o jovem militar à vida castrense. 
Eu fui vítima de trotes quando ingressei na Polícia Militar, na antiga Escola de Formação de Oficiais (EsFO), isso em 1976. Na época a prática era comum, não sei se ainda ocorre, nas escolas militares de todo país. 
Enquanto estive na ESFO (1976-1978), fui vítima e presenciei alguns trotes que estavam longe de poderem ser interpretados como uma forma de integração.
Alguns trotes submetiam o "bicho" (aluno do primeiro ano) a situações degradantes.
Ouvi certa vez que existia um trote chamado "lavagem cerebral", ele consistia em colocar a cabeça do bicho no vaso sanitário, sendo acionada a descarga. Nunca vi e nunca sofri tal humilhação. Degradação pura.
Eu não dei trote quando fui veterano, achava aquilo algo desprezível, mas alguns dos meus companheiros de turma integravam o grupo que considerava a prática benéfica para as relações entre os cadetes. 
Décadas mais tarde, servindo na antiga EsFO (Atual Academia de Polícia Militar D. João VI) na função de Subcomandante, tentei impedir que os trotes ocorressem. Lembro que criei um "disque-trote", disponibilizando o telefone do subcomandante para denúncias anônimas sobre eles. Denúncias surgiram e pudemos agir. Penso que consegui diminuir a prática naquele período, mas não erradicá-la, pois sempre existiram os seus defensores, mas fiz o que me cabia e o que podia fazer.
Sempre achei que o Policial Militar que sofresse trotes físicos rigorosos, verdadeiras torturas físicas e mentais, corria o risco de incorporar tal prática à sua atividade profissional, colocando em prática quando estivesse atuando em comunidades carentes, por exemplo. Se nas escolas ele recebia e dava trotes em filhos de oficiais, de praças, de advogados, de médicos, de professores, entre outras atividades profissionais e com impunidade quase que absoluta (raramente, o bicho se queixava formalmente), por que ele não poderia dar trotes nos filhos sem pais das comunidades carentes?
Meu raciocínio pode estar incorreto, mas sempre fui contra o trote e continuo sendo por essa possibilidade, principalmente. Pelo desvio moral que pode causar no policial.
O secretário de segurança considera que houve homicídio, ele sabe muito mais do que eu sobre o fato em questão.
Penso apenas que na oitiva dos responsáveis pela instrução deve ser perguntado se eles foram vítimas de trotes na APM D. João VI.
Se isso continua ocorrendo, outras mortes poderão acontecer no futuro e a polícia nunca deixará de ser violenta.
Quem não é tratado como cidadão, não respeita a cidadania dos outros, escrevo sempre.
O mal se corta pela raiz.
JORNA O DIA 
23/11/2013 00:07:05 
Beltrame diz que trote na PM foi ‘homicídio’ 
Recruta morre, e secretário diz que conduta de oficiais foi abominável 
VANIA CUNHA 
Rio - O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, chamou de ‘homicídio’ o suposto trote que vitimou Paulo Aparecido Santos de Lima, de 27 anos, aluno do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar. O rapaz, que estava internado desde o dia 12, morreu na manhã desta sexta-feira Um inquérito foi aberto na corporação para investigar o caso, ocorrido no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), e todos os depoimentos de testemunhas serão acompanhados por promotores da Auditoria de Justiça Militar. 
“Foi uma conduta abominável. Não compactuamos com esse tipo de atuação. Infelizmente, perdemos um policial militar. A PM já formou 7.100 policiais (para UPPs) e não tivemos problema nenhum. Mas, dessa vez, sem dúvida nenhuma, essa ação teve minimamente um excesso por parte de quem instruiu. Essas pessoas vão responder por esse homicídio, e o inquérito vai nos falar se foi doloso ou culposo”, disse Beltrame (Leia).
Juntos Somos Fortes!

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