JORNALISMO INVESTIGATIVO

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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

UPPs: COMUNIDADES DIVIDIDAS ENTRE BANDIDOS E POLICIAIS

JORNAL EXTRA



O governo Sérgio Cabral foi rápido e anunciou as missões logo no início do projeto de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs):
- Retomar o território.
- Evitar a exibição de armas na comunidade.
Não fazia (e não faz) parte das missões acabar com o tráfico de drogas na comunidade.
Isso soou (e soa) como surreal, considerando que é inadmissível um gestor de segurança pública saturar uma parte da área de policiamento de um batalhão (não custa lembrar que as UPPs estão inseridas nas áreas dos BPMs)  com forte policiamento, colocando nela centenas de PMs (UPP da Rocinha tem 700 PMs) e não coibir a prática de todos os ilícitos existentes na localidade. 
A desculpa dada para tal discurso sempre foi simplória: 
É impossível acabar com o tráfico de drogas, nem os Estados Unidos conseguiram.
Obviamente, os Estados Unidos não conseguiram acabar com o tráfico de drogas no âmbito mundial, mas as polícias americanas já fizeram isso em vários locais do território. E, onde não fizeram, caçam diuturnamente os bandidos, confrontando com eles onde estiverem.
Volta e meia, tal desculpa aparece novamente na fala de alguém do governo.
Diante disso, a realidade que se formou nas comunidades ocupadas foi a seguinte:
Em cada comunidade onde foi instalada UPP, passaram a conviver Policiais Militares e vendedores de drogas ilícitas, algo inadmissível. 
Isso é um completo absurdo.
Polícia e bandido não convivem, não dividem território e não fazem acordos. 
Se isso estiver ocorrendo, a corrupção ativa e passiva faz parte das relações simbióticas e criminosas entre os dois lados, uma triste realidade que se fez presente em algumas UPPs, infelizmente, como a imprensa noticiou.
Polícia e bandido são adversários e cabe a polícia prendê-los, estejam onde estiverem.
O governo ao criar essa homeostase social, esse equilíbrio, novamente, deve ter tido o objetivo de acelerar a implantação de mais UPPs, algo que seria muito difícil se nas primeiras os confrontos fossem diários entre PMs e traficantes, vitimando, policiais, bandidos e moradores.
Deixa quieto, simples assim.
O processo natural de adaptação fez com os PMs das UPPs e os vendedores de drogas dividissem o território, uma parte é policiada, na outra a venda de drogas continua sem a exibição de armas.
Não é um acordo formal, ele é tácito.
Respeitado o acordo, todos ficam felizes, sobretudo o governo que pode explorar a paz estabelecida nas comunidades ocupadas.
O problema é que polícia é polícia e bandido é bandido.
Vez por outra, os bandidos querem expandir as bocas e invadem o território policiado, surgindo confrontos.
E, na maioria das vezes, são os heróicos PMs que não aceitam esses acordos políticos e saem patrulhando o território onde as drogas são vendidas, prendendo traficantes e apreendendo drogas, matando e morrendo. Se sujeitando inclusive às represálias posteriores dos traficantes que são operacionalizadas na forma de emboscadas ou ataques diretos aos frágeis contêineres, o que já causou a morte de PMs.
Ouço que nas UPPs do Complexo do Alemão e da Rocinha, os PMs não aceitam tais limites, daí tantos confrontos e tiroteios.
Aliás, o Major PM Edson, enquanto comandante da UPP da Rocinha, tinha fama de combater o tráfico, não dar trégua aos traficantes. Ele que é um ex-bopeano.
Hoje o Estadão publica mais uma matéria sobre confronto em UPPs, dessa vez no Complexo do São Carlos, resultando na apreensão de armamento. Felizmente, não ocorreram mortes, mas também não ocorreram prisões, ou seja, os traficantes escaparam.
Parabéns aos PMs que participaram da ação.
A regra é clara: 
Polícia não convive com bandido, não divide território e não aceita a existência de fronteiras.
Polícia tenta prender bandido, o tempo todo.
Parabéns aos que disseram não à desculpa esfarrapada que nem os Estados Unidos conseguiram acabar como tráfico, querem enganar o povo (o pior é que conseguem) pois é inaceitável a colocação de 10.000 PMs nas 40 UPPs que o Rio terá até 2014, enfraquecendo seriamente o policiamento das ruas, expondo a maior parte da população aos fuzis oriundos das comunidades ocupadas e não acabar por completo com a venda de drogas nessas comunidades.
Não pode mais ocorrer ilícito em comunidade ocupada, a presença maciça da polícia exige isso, seja o transporte clandestino, seja o tráfico de drogas.
Polícia e bandido não convivem, não dividem território e não fazem acordos. 
Enquanto, o equilíbrio que o governo pretende para alcançar a "pacificação" persistir, ficará sempre a pergunta: 
Quem manda no morro? 
Eis a notícia:

"JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO 
15/11/2013 10:18:09
 Policiais de UPP são alvo de tiros em morro do Rio 
Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora, nenhum PM foi ferido e ninguém foi preso
Agência Estado 
estadao.com.br 
Quatro policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do complexo de São Carlos, na zona norte do Rio, foram surpreendidos por disparos feitos por traficantes na madrugada desta sexta-feira, 15. O grupo patrulhava o Morro da Mineira por volta da 1h e precisou pedir reforço de policiais das UPPs do Fallet, Turano e Mangueira, na zona norte, além de policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). 
Na ação, os policiais acharam um fuzil AK 47 com 30 munições intactas e cápsulas deflagradas de fuzil 762 e de pistola nove milímetros, além de 150 munições intactas de fuzil 762 em uma casa desocupada. Segundo o comando das UPPs, havia rastros de sangue na casa, mas nenhum PM foi ferido e ninguém foi preso. Os materiais apreendidos foram levados para a 6ª Delegacia de Polícia (Cidade Nova)".

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