JORNALISMO INVESTIGATIVO

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domingo, 23 de março de 2014

OS ATAQUES ÀS UPPs: OS TRAFICANTES QUEREM VOLTAR?



Prezados leitores, a Revista Veja publicou na edição dessa semana a matéria que ilustra esse artigo com o título: "Eles querem voltar".
A Veja toma para si a opinião pública e sentencia:
"Com toda a polícia carioca de prontidão, cristalizou-se entre a população uma conclusão dolorosa mas inescapável: os traficantes tentam tomar a força o controle das favelas e a polícia está tendo dificuldade para contê-los".
Não sabemos em qual pesquisa de opinião a Veja se baseou para tal afirmação, nos parece que a revista tenta impor as suas conclusões.
Embora não aborde na matéria, a Veja está considerando os traficantes do Rio de Janeiro seres desprovidos de qualquer capacidade de analisar a realidade dos fatos, ao concluir que eles querem retomar com o uso da força os territórios que antes dominavam completamente e que atualmente dividem com as Unidades de Polícia Pacificadora.
Você concorda?
Nós descartamos por completo a primeira parte da conclusão da Veja:
"Os traficantes tentam tomar a força o controle das favelas".
Isso é impossível de ocorrer e qualquer tentativa efetiva de realizar essa ideia suicida será duramente reprimida pelos Policiais Militares. Os traficantes não teriam a menor chance.
Apesar dessa realidade, temos que concordar em alguns aspectos com a segunda parte da conclusão da revista:
"A polícia está tendo dificuldade para contê-los".
Isso é um fato, a Polícia Militar e a Polícia Civil estão tendo enorme dificuldade para evitar e reprimir, inclusive através das investigações, os ataques que tem sido feitos contra os Policiais Militares que trabalham nas UPPs e contra o patrimônio público (viaturas e bases).
As dificuldades da Polícia Civil na investigação dos crimes não são novidade, mas as dificuldades da Polícia Militar parecem injustificáveis, afinal nas UPPs temos cerca de 10.000 PMs, o efetivo de vinte batalhões e elas estão inseridas nas áreas de policiamento dos batalhões operacionais, os quais constantemente empregam seus efetivos no socorro aos Policiais Militares das UPPs. 
Isso significa que não falta efetivo para defender as bases e evitar os ataques, mas os ataques continuam acontecendo, ferindo e matando Policiais Militares. 
Como explicar?
Arriscamos e respondemos que a causa é o fato de ter faltado o correto planejamento por parte do governo Sérgio Cabral no desenvolvimento do projeto de implantação das UPPs, como denunciamos em centenas de artigos, desde 2009.
O governo Cabral criou as facilidades para que os traficantes pudessem desenvolver essas ações típicas de guerrilha e que, salvo melhor juízo, estão longe de ser uma estratégia de retomada através do confronto armado.
São ações feitas por grupos pequenos que visam inquietar, impondo mortes e danos. uma tática típica de grupos terroristas. Táticas que foram usadas pelos operadores da denominada "luta armada" no Brasil, citando um exemplo nacional.
Na época os terroristas sabiam que não tinham condições de "comunizar" o Brasil através do confronto armado e inquietavam o governo através de atos terroristas.
Em apertada síntese, podemos concluir que os nossos traficantes estão demonstrando que aprenderam essas táticas com os nossos terroristas.
Os traficantes sabem que não tem condições de retomar nada que o governo queira manter. Não são letrados como alguns dos nossos "terroristas", mas não são imbecis. Sabem que não podem vencer, mas sabem que podem causar baixas na Polícia Militar e com isso desacreditar o governo.
Nesse cenário onde qualquer estrategista concluiria que o momento é de reforçar o que se conquistou e de prender os traficantes que ainda transitam por essas comunidades "pacificadas", uma ação que inexplicavelmente não estava ocorrendo, tendo optado o governo por uma política de convivência. O governo resolve ampliar o projeto, implantando novas UPPs idênticas as primeiras, ou seja, sem Policiais Militares experientes, com jovens Policiais Militares sem o treinamento adequado e com uma precária infra-estrutura.
Sem achar o caminho, cego pelo interesse político, o governo vai em busca da solução mais fácil e pede socorro ao governo federal, mais uma vez.
Politicamente, o pedido é uma saída excelente para o governo Cabral, pois coloca o governo federal dentro do problema, tendo em vista que não existe qualquer possibilidade do governo Dilma Rousseff dizer não, sob pena de ser responsabilizado pelos problemas futuros.
A estratégia política foi operacionalizada com todos os requintes para jogar o problema no colo da presidente, pois uma ajuda que poderia ser solicitada por telefone, foi feita com toda pompa e circunstância com o deslocamento de uma comitiva liderada por Cabral para Brasília e com enorme cobertura da imprensa. Pronto, o problema agora também é da presidente e do PT, não podemos esquecer.
De volta ao Rio de Janeiro, a presença das Forças Armadas, sem dúvida, aumentará a sensação de segurança nas UPPs e diminuirá a possibilidade dos ataques "terroristas", mas isso não seria necessário se o governo fizesse do planejamento uma prática rotineira, apartando-se do terrível "interesse político", um péssimo conselheiro.
Por derradeiro, os nossos "terroristas" sabem que não podem retomar os territórios ocupados pela Polícia Militar com as UPPs, porém infelizmente conhecem a fragilidade do projeto e sabem que podem produzir danos e mortes com ações "terroristas".
Urge que o governo Cabral aprenda a planejar, pois nós estamos cansados de enterrar heróis, covardemente assassinados pelos nossos "terroristas do século XXI", uma nova geração.

Juntos Somos Fortes!

Um comentário:

  1. Quanta hipocrisia em dizer que o governo facilitou o trabalho do tráfico nas favelas, sendo que as UPPS foram criadas justamente para evitar isso!

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