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sábado, 8 de julho de 2017

OS PROBLEMAS DA POLÍCIA MILITAR SE DEVEM A SUBSTITUIÇÃO DE UMA PALAVRA

"Constituição Federal 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
( ... ) 
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios."

Coronel de Polícia Reformado Paúl

No III Fórum de Segurança Pública realizado ontem na Academia Brasileira de Filosofia (ABF) tive a oportunidade de rapidamente comentar esse problema, quando abordei o tema "Falta de autonomia da polícia com o poder nas mãos dos políticos".
Nenhum Policial Militar do estado do Rio de Janeiro desconhece que a instituição padece com os desmandos políticos, isso é fato.
Os problemas que a interferência política causam são inúmeros e alguns de grande efeito maléfico, tanto internamente, quanto no serviço prestado à população.
O fracassado projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é o exemplo mais recente e que provocou maiores prejuízos aos Policiais Militares e à população fluminense.
Eu critiquei as UPPs desde o início do projeto, isso em virtude de ser óbvio o fracasso futuro, diante do que eu via quando visitava as UPPs instaladas  e conversava com os Policiais Militares.
Não tenho dúvidas que a minha constatação foi feita também por outros Coronéis de Polícia, mas eles nada fizeram para evitar essa catástrofe, hoje identificada como o pior programa já implantado na área de segurança pública de todo Brasil, como ouvimos algumas vezes durante o ciclo de palestras na ABF.
Por que os Coronéis de Polícia não impediram a propagação do erro?
A resposta é simples:
- Em razão da substituição de uma palavra no texto constitucional, algo realizado de forma tácita.
As Polícia Militares subordinam-se aos Governadores, como está expresso na Constituição Federal.
Logo devem operacionalizar a política de segurança pública emanada do governo, mas essa obediência tem limites, entre eles a missão, a identidade e os valores institucionais.
No Rio de Janeiro, ao longo do tempo os Coronéis de Polícia foram aceitando que a subordinação fosse substituída pela subserviência.
Subserviência significa "servir sem questionar e achar que todas as ordens estão corretas".
Foi a subserviência que permitiu que a "loucura" das UPPs fosse implementada.
Em 2007 e 2008, antes das UPPs, os Coronéis Barbonos tentaram deter esse processo de subserviência, mas não tiveram apoio, foram exonerados, inativados de forma precoce e no meu caso específico fui preso duas vezes de forma ilegal e quase conseguiram me expulsar da Polícia Militar.
Caso os Barbonos tivessem recebido o apoio necessário, a subserviência começaria a ser interrompida e as UPPs nem existiriam.
Como expressei em artigos e vídeos ao longos dos últimos anos os Oficiais da Polícia Militar precisam aprender a DIZER NÃO ao poder político sempre que a ordem emanada for prejudicial para a instituição e/ou para a população.

Juntos Somos Fortes!

Um comentário:

  1. É tudo que venho dizendo desde sempre. Já fui chamado até de louco, porque apenas os que "não tivessem essa loucura" poderiam ter sucesso. Se fizer uma busca no blog antigo, verá que sempre fui igualmente crítico e ácido. Algo precisa mudar. Cheguei a pensar que era o militarismo, mas na vdd o problema é a cultura de "se dar bem" que está no DNA da maioria. Hoje (há uns 5 anos, na vdd), chego à conclusão que o maior problema da PM não são nem mesmo os bandidos infiltrados, mas sim os subservientes. Os primeiros a gente pode prender, matar... Mas os segundos são malditos aduladores caçadores de benesses que usam a capa da legalidade para produzir tanto mal quanto aqueles

    Sgt Foxtrot

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